segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Algemas.

Eu gostava de tê-lo perto, gostava de tocá-lo e brigar com ele, que por sua vez não ocultava o prazer que sentia ao me olhar. Eu o encarava com mais pretensão, era engraçado o modo como ele procurava fingir que eu não o atingia. Se ali eu o tinha em mãos, mais tarde ele me teria em seus braços.
Nos amávamos, e nos odiávamos por isso. Ele com brincadeiras sem graça, eu com ironias e verdades maquiadas.
Provocá-lo era uma diversão, saber que eu, apesar do desejo conseguia resistir era formidável. Ele sequer conseguia desviar o olhar quando eu o prendia em palavras. Homens, não resistem a palavras ardentes no pé do ouvido. Tão fáceis e bobos, escravos de extintos.

Não nego, já não tenho motivos para isso, eu o amo e o amei em segredo por muito tempo, até que o orgulho foi quebrado.
Havia apenas meia luz e desejo, palavras sinceras e um bom vinho. Chegara o momento e nós dois sabíamos que por mais excitante que fosse fingir tal ódio, melhor seria se fôssemos verdadeiros.
Ele me disse: Você já sabe o que sinto, não preciso dizer ou provar. Você sabe que me possui e me sinto frágil por isso.
Eu, ao pé do ouvido como de costume, soltei-lhe uma última provocação infantil : Se você realmente gosta de estar preso a mim, não se preocupe, eu trouxe algemas.
A verdade, embora eu não quisesse admitir era que meu coração só pulsava por ele, e pulsou mais rápido quando o envolvi em espasmos.

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